Ajudar sem expectativa
Algumas vezes na minha vida me peguei enfurecido porque, na minha visão, a pessoa que eu estava ajudando não progredia, ou negava a ajuda, ou ainda, desprezava o que eu fazia. Vindo de uma criação cristã, sempre acreditei na necessidade de ajudar ao próximo, embora eu não tenha sido ensinado a respeito do que é realmente ajuda.
Entendia a equação simples e infantil: eu vejo alguém sofrendo, julgo que esta pessoa não deveria estar assim, e faço algo para que ela saia dessa situação. Isso não funciona.
Estudando as Ordens da Ajuda, entendi que existe um lugar adequado para o ajudante, uma forma de proceder que, quando possível, dará força à situação e não nos tirará nossa própria força, no ato de ajudar. Hellinger diz, por exemplo, que quem quer ajudar, não pode mais ajudar.
Isso quer dizer que, se temos a intenção primeira de “tirar a pessoa do problema”, já estaremos excluindo, negando algo que é muito importante para esta pessoa. Vou dar um exemplo: um pai que tenta ajudar o filho. Este filho não progride, o pai tenta de tudo. Ao continuar não vendo o progresso do filho, o pai começa a se sentir um mau pai. Em terapia, é muito comum observar um padrão: o pai que exige muito do filho está querendo provar ao próprio pai que é melhor. Que sabe educar de forma melhor. Ou seja, este pai usa o próprio filho como instrumento de vingança contra seu pai.
Por que eu me enfureci algumas vezes, quando não percebia progresso nas pessoas que tentei ajudar? Exatamente porque estava usando elas como um laboratório para provar a tese de que minha família cuidou muito mal de mim.
Felizmente, posso aprender com os erros. E deixar, quando percebo, de forçar situações, me colocando no lugar certo, sem pretensões. Sem “querer ajudar”. Com o coração aberto, e o emocional ferido sob controle. Sem querer provar aos meus pais e avós que sou melhor que eles. Porque não sou.
Alex Possato