A cura e o curador
A cura não está em suas mãos. Você não possui nenhum poder de curar o outro. Transformar o outro. Nem mesmo deveria julgar que a doença ou problema que aflige o outro é algo ruim. Mas eu sei: é muito difícil lidar com o sofrimento alheio. Porque lembra o seu próprio sofrimento. O medo do outro, lembra o seu próprio medo. A miséria do outro, lembra a sua própria miséria. A morte do outro lembra a sua própria morte. Assim, desejamos a cura do outro, porque desejamos a nossa cura.
Você sente, dentro de si, que deve partir em direção à cura. Sente um chamado inadiável de auxiliar pessoas em seus diversos processos. Pode ser que milagres ocorram, e de alguma forma, você está participando deste milagre. Porém, é bom perceber: quando algo acontece, é por obra e graça do Divino. Qual o seu papel, nisso que está ocorrendo? Nenhum. A não ser o fato de estar presente.
Como um curador deveria observar o processo?
Conforme você vai percebendo o quanto é pequeno, e mesmo assim, curas milagrosas ocorrem, pode ser que seu coração se abra para a fé. O entendimento profundo de que Algo Maior atua sobre todos. E escolhe a quem estenderá suas bênçãos: justos ou injustos? Fiéis ou infiéis? Santos ou pecadores? Loucos ou sãos? O que importa, se aos olhos de Deus, não há diferenças?
Alguns serão mais tocados pelas bênçãos, outros, menos. E assim é. Você continua observando. Sem objetivos. Sem intenções. Se não é você quem cura, não há cura a ser realizada. Você se transforma num canal. Que está sendo chamado a abrir a fé, o coração e a conexão com Algo Maior. E talvez, semear a crença na justiça maior, que utiliza as doenças, as dificuldades, os transtornos, para mostrar à humanidade o poder da fé. Da conexão. Da presença. Da não intenção. Do amor. Que inclui a tudo. E a todos.
Muitas vezes, pode ser que a cura se mostre no outro. Mas se mostrou no outro, é porque também você avançou alguns milímetros em direção ao coração, ao Amor Supremo, à compaixão. Então, será que não é você quem está necessitando dos doentes, para descobrir, em seu próprio interior, a sua Saúde infinita e suprema? E reestabelecer a conexão? A fé? A compaixão pelos doentes e sãos – todos iguais, perante o supremo? Quem é o curador? Onde está a doença? E de onde vem a cura?
Traga sempre isso em mente… assim, nunca irá se perder… E continue fazendo o seu trabalho de curador. Que é, em essência, nada fazer. Nada forçar. Nada combater. Somente observar. Amorosamente acolhendo a todos. A tudo. Acolhendo a própria doença. Rendendo-se ao amor maior.