A Delicada Relação Entre Pais e Filhos
Finalizamos mais um final de semana de treinamento de constelação familiar, em Brasília! Tema bonito e também espinhoso: pais e filhos. E através de constelações, exercícios, discussões e exemplos, pudemos constatar o quanto é danoso, para o filho, quando precisa arcar com a necessidade de apoiar pai ou mãe carentes emocionais. Claramente os pais não são culpados por isso. A questão é que os filhos, principalmente aqueles com mais resistência e abertura, serão chamados para auxiliar naquilo que os pais não dão conta. Muitas vezes essa dinâmica se inicia muito cedo. E isso tira o lugar de filho.
Em tese, segundo Bert Hellinger, os filhos deveriam receber, e os pais… dar. Mas neste momento, a ordem se inverte, e os filhos passam a dar, e os pais, a receber.
Os filhos precisam crescer. Deixam de ser criança. Fecham-se para as próprias carências, dores e traumas, já que não haverá espaço para olhá-las. E nem os pais terão condições para auxiliar.
Como ensina Hellinger, “os filhos passam a gozar de uma importância exagerada e inadequada na família e estão destinados a fracassar”. Verifico que estes filhos tornam-se cuidadores. Responsáveis. Não raro assumem a postura de cuidar dos irmãos, depois dos colegas, amigos, maridos e esposas…
A criança interna encontra-se massacrada – são pessoas sérias. Com dificuldade de acessar o emocional. Nem se dão ao direito. Em geral, percebem que há algo errado quando existem grandes rupturas na vida. Somente aí começa a “cair a ficha”, pois muitas vezes entram em colapso. Suas dores continuam “enterradas”, e será preciso muita paciência e trabalho para resgatá-las.
Resgatar principalmente a criança saudável, que perdeu o direito de ser criança muito cedo. Desta forma, bem vagarosamente, irá voltando ao lugar de filho. Reencontrando a confiança nas pessoas. Deixando de ser tão cuidador. Voltando para a alegria simples de viver, com menos responsabilidades e peso. O percurso é árduo, porém, possível. Muito possível!
Alex Possato