A liberdade no relacionamento
Lidar com a incongruência da existência é um dos desafios da vida adulta. Muitas pessoas me procuram dizendo: quero uma relação afetiva! Ninguém pára ao meu lado! Sempre estou disponível, porém, o outro (a outra) nunca está!
Aprendi com Bert Hellinger (sempre ele!) que “quanto mais altas as transações, menor é a liberdade, pois, o vínculo aumenta através do intercâmbio”. (Para que o Amor dê Certo)
E isso é um tema que me provoca, porque eu prezo muito a minha liberdade. Talvez tenha aprendido isso com meus pais, que também eram muito “livres”… e isso explica a dificuldade que tiveram em estabelecer vínculos.
Mas compreendo que, quanto mais eu entro numa relação, de corpo e alma, trocando tudo o que é possível trocar, dando e recebendo, mais envolvido fico. Tenho que ceder à minha necessidade de estar livre. Ou posso escolher a liberdade, e perder todos os benefícios de uma relação amorosa. Hellinger diz: “existem pessoas para as quais a liberdade é mais importante. Elas fogem desse vínculo que é aprofundado através do intercâmbio e, por isso, mantém baixas as transações. Na verdade, então, recebem pouco mas têm muita liberdade. Porém, essa liberdade é vazia.”
Aprendi na filosofia tântrica, que quanto mais o masculino se entrega ao feminino (e vice-e-versa), mais ambos se dissolverão. Aquilo que são, irá se transformar, para algo desconhecido e poderoso. Por isso é tão difícil ceder. Porque realmente, quanto mais nos entregamos numa relação amorosa, mais estaremos deixando de ser aquilo que somos… Nossas verdades, hábitos, certezas, medos, dores, alegrias, padrões… tudo será desafiado, moído e transformado… Parece duro, não é? Mas sabe de uma coisa? Eu acho que vale muito a pena. Estou disposto a arriscar… E ver o que existe além da liberdade…
Alex Possato