Antes de firmar sua imagem nas redes sociais
Volto a um tema que me é muito querido: o marketing pessoal… Já fiz grupos de estudo, workshops e estudei bastantão sobre o assunto. Acima de tudo, apliquei (e aplico!) em mim mesmo os inúmeros e tortuosos caminhos para o desenvolvimento da minha imagem pessoal e profissional, e consequentemente, da minha carreira. E por lidar com milhares de pessoas, muitas das quais desejam também se estabelecer no mercado e firmar o próprio nome como alguém atrativo para o seu próprio público, sempre recebo feedbacks do tipo:
– tenho medo de me expor
– sinto-me uma fraude
– não tenho o suficiente para dar
– tenho vergonha e uma cobrança interna insuportável
– é muito difícil lidar com as requisições das pessoas no mundo virtual
– não sei me expressar
– preciso ganhar dinheiro, logo!
Por isso, resolvi escrever algumas linhas, e pra variar, vou deixar vir o conteúdo que quer fluir por mim, agora, já que não preparei tecnicamente uma lista de teoria e dicas para você sobre esta “arte da exposição” nas redes sociais.
Antes de começar, pergunte-se: quem sou eu? O que eu tenho para dar?
Uma das coisas que mais pega na cabeça desmiolada dos iniciantes, é a comparação. Olham os youtubers, ou aqueles que se destacam no Facebook e Instagram, e tentam fazer o mesmo. O mesmo modelo, as mesmas piadas, o mesmo tipo professoral. Enfim, procuram imitar aqueles que, na visão limitada deles, estão dando certo. O que nem sempre é verdade.
A não ser que a sua onda seja a imitação, a sátira, o humor, imitar só vai levar você para mais autocrítica, autojulgamento e autocondenação. É um inferno! Quem é você, cara? Qual a sua habilidade? O que você realmente domina e pode sustentar firmemente, diante da necessidade do seu público?
Seja verdadeiro, porque você sabe quando ainda não está pronto para atender as pessoas. E se você não está pronto, e insiste em se mostrar, irá ter vários desafios internos e externos, que irão minar a sua capacidade de dar o seu talento ao mundo.
Minha dica: vá devagar. Demora um bom tempo (ANOS!!!) para “entendermos” quem somos e o que temos. Coloque-se, sim, mas sempre com verdade. Evite o lugar do “sabe-tudo”, do “especialista”, do “bem resolvido” e mostre-se humano. Até porque, se é que não estou falando com um extraterrestre… você É HUMANO!
Vá refinando o seu foco. Sei que você é multitalentoso, e pode falar de milhares de assuntos… Mas existem bem poucos, talvez um ou dois que são aqueles que mais fluem por você. Aquele onde você não precisa estudar para expressar. Aqueles que “estão na ponta da língua”. Descubra estes dois assuntos, sustente estes dois focos (ou até um somente!) e fique nisso! Segure a insuportável vontade de mudar de foco a todo instante! Falar e fazer coisas diferentes a cada dois dias! Se ainda não for possível, talvez ainda seja o momento de afinar o foco. Lembre-se: ter multitalento não significa que você não possa ficar dois, três ou cinco anos se dedicando a um caminho. Para depois mudar.
Vontade de ser aceito pelos pais
Poucas pessoas entendem o papel do psicológico na construção da carreira, dos projetos, das empresas… Na minha experiência pessoal e também através do acompanhamento de inúmeras pessoas que partem rumo ao mundo autônomo e empresarial, muito do que fazemos é uma forma de dizer aos nossos pais: olha o que eu estou fazendo! Agora me valide! É uma forma de revanche diante das inúmeras dores que carregamos por não termos sido totalmente (ou nada!) validados nas coisas que fazíamos quando criança, o que acabou gerando uma baixa autoestima fenomenal, abissal, monstruosa! E depois de adultos, empunhamos a bandeira da guerra contra eles: vocês vão ver só! Eu vou dar certo! E… lógico que dá errado.
A lei psíquica da mente diz que iremos atrair aquilo que estamos vibrando internamente. Se estou vibrando baixa autoestima, irei atrair fracasso. Esta é a lei. Pergunte-se: verdadeiramente confio em mim mesmo e no que faço? Se alguém disser que não está bom, consigo não me desmontar todo? Se alguém disser: você é uma fraude, você irá resistir à vontade de se atirar para a morte, do alto da sua beliche do quarto?
Cara, olhe suas motivações emocionais. E faça terapia, se precisar, antes que você gaste um montão de dinheiro em projetos, que irão lhe dar mais dor de cabeça. Digo isso porque sou doutor na insana arte de tentar provar ao mundo que não sou o merda que parte de mim acredita ser.
O quanto o meu movimento de exposição tem um “q” de dizer aos meus pais: olha aí! Eu dei certo! Bem diferente de vocês! Por que vocês não me amaram? Por que vocês não me aprovaram?
Mesmo que você seja muito talentoso naquilo que faz, esta competição louca por ser visto e aprovado irá impedir que você enxergue o seu público, o que eles querem, e também impedirá você de estar bem consigo mesmo, desempenhando a sua função da melhor forma possível. Afinal, algo dentro de si combate a si mesmo… E este algo quer te destruir! Não duvide disso!
Deixando de ser criança, você se abre para doar
Vejo muitos que iniciam na exposição do seu projeto nas redes assim: criam algo, às vezes toscamente organizado, fazem um pequeno texto e lançam furiosamente em todos os lugares, ocupando grupos onde não foi pedida a autorização para isso, enchendo a paciência de muitos: parecem aqueles insuportáveis carros de som gritando algum produto, show ou propaganda política na sua janela. Isso é uma ação que produzirá efeitos contrários, em curto ou médio prazo.
A criança só deseja receber. Esta criança que se divulga desta forma só quer receber o público, o dinheiro, a atenção, e não está preocupada em doar nada. Ou muito pouco. Poucos percebem que a internet, de certa forma, se transformou num novo cômodo dentro da casa de cada um. Abrimos a telinha do celular ou do computador e permitimos que venham informações e conteúdos para a nossa intimidade. O que atrai mais: eu abro a porta do meu quarto e encontro um mendigo pedindo esmola? Ou: eu abro a porta do meu quarto e você me oferece as mais belas flores do seu jardim?
Sim, flores do seu jardim! Porque tem pessoas que oferecem flores de plástico, replicadas de grupos de whatsapp, com palavras vazias e sem sentido… isso também é semelhante a propaganda política no horário eleitoral ou panfletos jogados debaixo da sua porta.
Organize as flores que você tem para dar ao seu público. Fale de si, das suas experiências. Do seu conhecimento. Algo que pode auxiliar o próximo. Sem querer nada em troca. É o “brinde cortesia” que você dá ao universo. Você é lindo como você é. Você tem conteúdo que poderá despertar muitas pessoas.
Comece devagar. Não pense em números: milhares de seguidores nesta ou aquela rede social. Compartilhe seus pensamentos e experiências no grupo de whatsapp de amigos. Família. Colegas de estudo. Ponha pequenas frases suas no seu Facebook. Pensamentos no Twitter. Fotos com significado no Instagram. Não apenas mostrando o que você come, os seus passeios e suas caras e bocas… (a não ser que você seja modelo). Aprenda a usar a rede social como um grande jardim, onde você está plantando sementes do bem. Sementes de comunhão. Sementes de crescimento. Junto a pessoas que você nunca viu. Provavelmente nunca verá. Mas que ficarão extremamente agradecidas pelos frutos que suas sementes irão gerar.
Resumo da ópera
Evite a comparação
Seja você
Vá devagar
Refine o seu foco: um ou dois assuntos
Trabalhe sua necessidade psicológica de ser aceito
Não invada a casa das pessoas com flores de plástico
Comece com pequenos textos em pequenos grupos
Dê, mas com significado
Fale da sua experiência, do seu conhecimento
Seja um jardineiro dedicado em semear
Não pense nos frutos
Você é lindo como você é