Como superar dores antigas?
A transferência é bem conhecida no âmbito terapêutico. Olhemos alguém e projetamos uma situação interna mal resolvida. Fazemos isso não somente com pessoas, mas com ambientes também, como escolas, empresas, grupos de amigos. Por exemplo, buscamos fazer de uma instituição algo que não vivemos na nossa família. E quando a coisa desanda, por aspectos puramente técnicos, nos sentimos atingidos emocionalmente. Essa é a demonstração de que estávamos projetando na instituição um trauma antigo. Outras vezes, ao receber um “não” de algum superior, nos sentimos desrespeitados e excluídos. Da mesma forma como nos sentimos quando nosso pai nos abandonou, na infância.
Separar o que é nossa vivência interna das coisas práticas e funções respectivas é uma arte. Iremos, inegavelmente, nos misturar e nos complicar. Porém, é exatamente o problema que vivenciamos com intensidade fora do normal que servirão de alerta: ôpa! Tem uma projeção aqui! E quando olharmos para o passado e pudermos ficar em paz com aquilo que ocorreu, também estaremos livres para atuar de forma mais racional, sem se deixar envolver por dores antigas mal elaboradas.
Alex Possato