Crise no relacionamento: dá para consertar?
Por Alex Possato

Crise no relacionamento: dá para consertar?

Couples disagreement

Quando as brigas começam, sobram tiros e farpas para todos os lados. A parceira cobra mais atenção, ser vista pelo homem, ser cuidada com carinho e respeito. O homem desfere a frase típica: preciso de liberdade, não agüento tanta pressão. A mulher não entende, afinal, o que ela quer é simplesmente ser ouvida.

Mas… quem disse que o homem quer ouvir? No máximo, ele tenta dar uma solução rápida à frase da companheira, tentando se desvencilhar da questão. Muitas vezes as mulheres falam algo para iniciar um diálogo, comentar algo ou desabafar… não para obter uma solução. O homem, por não querer entrar em diálogo onde tenha que se expor, tenta finalizar o mais rápido possível a conversa, dando uma resposta que fecha todo o assunto.

É lógico que isto que estou dizendo é só um exemplo genérico. Existem comportamentos e comportamentos variáveis, entre parceiros, dentro de uma relação. Mas o que acarreta o desgaste da relação, verdadeiramente?

É preciso conhecer as emoções próprias, para conhecer o outro

Todas as pessoas são comandadas pelas próprias emoções. É devido a estas emoções que tomamos atitudes e depois, damos justificativas para elas. Por exemplo: se dentro de mim existe a emoção de sentir-me acuado, desde criança, quando sou cobrado por minha esposa, posso perfeitamente tomar a atitude de sair de casa constantemente, para ir beber com os amigos, jogar bola ou sabe lá mais o que. E qual justificativa eu dou para isto? Ah, a minha mulher é um “pé-no-saco”. Isso não é verdade, pois saio de casa porque sinto um peso dentro de mim, e qualquer cobrança, seja da mulher, do chefe ou do filho, me irrita profundamente.

Se, por outro lado, a mulher tem a emoção de insegurança e de buscar se sentir protegida, ela pode perfeitamente não perceber que o marido necessita ser acolhido, e joga sobre ele a responsabilidade por acolhê-la. E ela justifica: você é insensível. Isso não é verdade, pois ela cobra o homem não pelo que ele deixa de fazer, mas sim, porque dentro de si sente um vazio, uma necessidade de carinho.

Mais uma vez, peço que o leitor tome o exemplo acima, somente como exemplo. Existem milhões de homens que sentem necessidade emocional de ser acalantado. E existem milhões de mulheres que sentem a necessidade de liberdade.

Mas uma coisa é fato: os relacionamentos se estragam por falta de diálogo verdadeiro. Parece que algum mistério do universo coloca, frente a frente, duas pessoas com necessidades emocionais que necessitam ser vistas. E ambos tem o dom de se ajustarem, quando cada um, é sincero com suas próprias emoções e deixa isso claro.

Mas cá entre nós: quem é que consegue olhar no olho do outro e dizer:

– sabe. Eu sinto uma necessidade de ser acariciado, e sinto que você não gosta de muito contato. Sinto-me desprotegido.

É mais fácil dizer: você não liga para mim! É mais fácil acusar o outro. O que não nos tocamos é que, na verdade, a emoção já estava em nós, antes de conhecermos o parceiro. A necessidade de ser acolhido já existia, e segundo a constelação familiar sistêmica, é até herdada dos nossos ancestrais. Nascemos com esta dor emocional. E somos ensinados a culpar alguém por ela. Em princípio, o pai ou a mãe. Depois, o marido ou a esposa. As vezes, culpamos um fato traumático: sou assim porque fui molestado… Ou: fiquei assim porque me deixavam preso, em casa, quando criança…

Mas vamos ser bem pragmáticos. Se um relacionamento está passando por turbulência, e a pessoa realmente quer uma solução, doa a quem doer, são importantes algumas atitudes corajosas, porém, efetivas:

1 – assuma a sua parte. Se você solucionar a sua parte e o outro não, você estará pronto para encontrar alguém melhor;

2 – investigue em si mesmo quais são as emoções que conduzem suas atitudes. Se você procura alguém que o sustente, estará provocando uma relação de dependência. Se você busca alguém que o complete, estará provocando o mesmo. Se busca alguém que o sirva ou obedeça, provocará uma relação desequilibrada;

3 – você é inteiro. Mesmo que as emoções digam que não, dentro de si já existe tudo o que você necessita para ser feliz. Um bom relacionamento se faz com outro alguém que se percebe igualmente íntegro, completo. Dois seres íntegros podem curtir a vida. Dois seres que buscam se completar, sugam-se mutuamente;

4 – busque esta “inteireza” passo a passo. Lógico que, no começo, é difícil aceitar e acreditar na sua plenitude. Mas é o único caminho. Não busque mudar o outro, nem fazê-lo melhorar. Isso não cabe a você;

5 – não faça nada pelo outro. Faça somente por si. Quando você se ama, realmente, e muda as atitudes mostrando o amor por si mesmo, quem está ao seu lado recebe os benefícios;

6 – observe as palavras do outro e não julgue. Observe as atitudes do outro e não julgue. Perceba o que as emoções que estão por detrás do outro estão dizendo. Você vai me perguntar: como se faz isso? A resposta é simples: quanto mais você olhar para as próprias emoções e aceitá-las, também aceitará a do outro. Olhar para a dor com olhos complacentes, isentos de crítica, tem o dom de curar a dor. Mas se não consegue olhar para a própria emoção de uma forma isenta, não conseguirá olhar para a do outro. E sabe de uma coisa? Se você perceber somente isso, que não consegue olhar para a emoção e para a dor, já está muito bom! Significa que as emoções, que até agora comandavam seu relacionamento de forma inconsciente, agora estão sendo vistas. Somente isso já tem o dom de provocar um ajuste, um início de mudança.

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