Dar e Receber
Aprendemos na constelação familiar que os pais dão, e os filhos recebem. Da mesma maneira, a Vida nos dá, e nós recebemos. Diante de toda a Existência, somos muito pequenos. Por isso, para que tenhamos um equilíbrio saudável nesta equivalência do dar e receber, precisamos, antes de mais nada, aprender a tomar posse daquilo que recebemos dos nossos pais e da Vida.
E isso não se faz somente com uma decisão ou uma frase: vou agradecer e honrar o que veio deles! Podemos até ter a intenção disso, mas o processo envolve a transformação íntima. Uma compreensão de tudo aquilo que veio, de bom e de mau, através do nosso passado. Envolve a transformação de crenças e a mudança de hábitos.
Ficamos muito presos à ideia da nossa criança interior: recebi carinho e afeto. Ou: não recebi carinho e afeto. Fui cuidado razoavelmente. Ou: me sinto abandonado. Meu pais me valorizam. Ou: eles não me reconhecem.
E existe um detalhe fundamental: as feridas emocionais da criança não serão curadas através do contato com nossos pais. Será o nosso adulto que deverá cuidar da própria criança.
Porque um adulto saberá transformar tudo o que recebeu dos pais, de positivo e negativo, em combustível para a própria vida. A vida do adulto está direcionada para o mundo externo, para as pessoas, para a sociedade. E a vida da criança está direcionada para os pais (ou a falta deles). E para o preenchimento de suas próprias dores.
Traduzindo em termos de prosperidade, somente um adulto em paz com sua criança, saberá receber. E depois, dar. O adulto vive para o Universo. Em gratidão a tudo o que recebeu. A criança vive para si, buscando preservar o conforto e a segurança. Querendo sempre mais.
O adulto já recebeu. E continua a receber. Dar, passa a ser natural. Não há esforço. Assim ocorre o crescimento.
Alex Possato