Entendendo os nossos pais
Constelei no mesmo dia clientes que tiveram pais com vidas muito errantes… Mulheres, vícios, descaso, abandonos… No final, todos carregando muita dor porque também se sentiram abandonados. Todos morreram de forma abrupta, vitimados por doenças. Não pude deixar de pensar em meu pai… E ao final dos trabalhos, sentei em silêncio e meditei um pouco. Me veio a imagem do meu pai, mas não o homem fraco e vitimizado que me acostumei a vê-lo. Ele estava forte. E eu sentia a sua força em mim. Porém, não é a força do filho pequeno que espera a volta do pai que nunca ocorre, mas a força da Vida, que me impulsiona para frente… Não fazia mais sentido ficar aguardando eternamente a volta do pai. Acostumar-me com sua ausência e ficar em paz com isso era o meu aprendizado. O destino dele não me cabe. E repetir de outras formas o sofrimento que ele viveu, na minha pele, não traria ele de volta.
Sinto como se o pacto inconsciente que fiz está se dissolvendo…
Pensei: “Papai, eu permito que você se afaste de mim. Senti muito a sua falta, mas agora começo a perceber que você está dentro de mim. Deixo você seguir seu caminho. Que é somente seu. E sigo o meu, para bem longe. Sinto que, quanto mais andar na minha vida, mais sentirei sua presença. E isso é o suficiente”.