Gratidão liberta
Fazemos constelação para podermos cuidar da nossa “criança interior” e de suas feridas. Olharmos para o passado e percebermos que tudo foi como deveria ter sido. E nossos pais deram o que eles tinham. Provavelmente, muitos deles também eram adultos que carregavam “suas crianças feridas” sem ter consciência disso. Por isso, não podemos exigir deles o acolhimento e aprovação que talvez eles não conseguiram ter.
Quantas vezes olhamos para eles, nossos pais, e pedimos, em súplica: por favor, me aprove! Diga que eu sou bom do jeito como sou! Fale que eu posso seguir pelo meu caminho, e não devo nada a ninguém!
Alguns pais saberão fazer isso. Outros, jamais! Pela minha experiência, eu diria: a minoria. E então precisamos perceber se estamos pedindo aos pais a partir da nossa “criança ferida” ou estamos tomando posse do nosso adulto consciente. Talvez a nossa criança fique brava, e se rebele contra os pais. E parta para o mundo fazendo aquilo que acha certo, como demonstração da sua rejeição contra a rejeição deles. E rejeitando, se torna igual. Outro tipo de postura é não sair, e tentar se adequar, esperando que, um dia, quem sabe, eles o validem. E isso nunca ocorrerá.
Todas estas dinâmicas são excelentes formas de aprendizagem. Se não conseguimos nos bancar – mesmo após adulto – aprendemos que ainda temos dependências em relação aos pais. E estudando profundamente este aspecto, perceberemos o quanto eles são importantes, mesmo que a criação não tenha sido “aquela coisa”. Despertar para a verdade gritante de que fomos dependentes dos nossos pais e cuidadores, em algum momento crucial da nossa vida, reduz a ansiedade de ter que conquistar tudo sozinho. Ou a necessidade de se encostar em alguém que sirva de apoio. Abre as portas para a gratidão. Porém, uma gratidão adulta, que distingue plenamente os aspectos positivos dos negativos da infância, dos pais e da criação. E de si mesmo.
Esta gratidão liberta.
Alex Possato