Impulsos emocionais nos fazem cegos
Por Alex Possato

Impulsos emocionais nos fazem cegos

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Os impulsos emocionais funcionam como entidades autônomas… quase como seres que dominam o pensamento e manipulam as ações, quando você permite, através da inconsciência, que assim seja.

– Guarde logo o seu carro! – Disse-me, assustada, a colega. E completou: a violência aqui está terrível!

Seus olhos esbugalhados, sua respiração ofegante, sua expressão de tensão demonstrava o quanto ela estava pega pela emoção do medo. Da insegurança. E seus pensamentos foram dominados pelo impulso. E logicamente, suas ações começaram a se basear neste “fantasma” do medo. Não havia ninguém na rua. Nada iria acontecer. E se ocorresse, seria um fato a mais…

A inconsciência embota nossa visão maior. O cérebro, em algum momento da vida, registrou emoções como medo, raiva, angústia, tristeza, sensação de abandono… e fatos externos, ou ainda, simplesmente a imaginação, detonam um mecanismo que abala com a estrutura emocional, mental e comportamental da pessoa.

Ontem presenciei, envolvido e consternado, uma outra amiga sendo dominada pela raiva. Neste caso, relacionamentos são os gatilhos. Relações que causam dores. Ou melhor, despertam dores adormecidas. Dores do confronto, da disputa, do abandono, da loucura. Nosso organismo possui todos os registros daquilo que vivemos, desde a gestação. E também das memórias das gerações passadas, como demonstra de forma tão efetiva a constelação familiar.

Se pudéssemos viver no aqui e agora, estas dores viriam, e iriam embora. Não as tomaríamos como reais. Mas nossa mente não está treinada a observar a si mesma. Observar os próprios pensamentos e deixa-los. Observar as emoções e deixa-las. Os fatos externos, seja uma separação, uma perda, uma morte, um assalto, o desemprego, uma viagem, uma agressão verbal ou física… não importa o que, dispara o gatilho, e as emoções do passado recente e muitas vezes remoto vêm a tona. Nos domina. Somos pegos. E julgamos que o fato ou a pessoa externa é a responsável pelo nosso mal estar. E da mesma forma, acreditamos que algo externo que é agradável é a razão da nossa alegria.

Vivemos fugindo dos monstros e perseguindo os anjos. Somos condicionados a viver assim. A mídia nos empurra goela abaixo milhões de produtos que garantem nossa felicidade… Ou outros milhões de produtos que nos afastam dos nossos pesadelos. Dizem eles… Quais pesadelos? Morte. Perda. Separação. Abandono. Miséria. Loucura. Doença. Traição.

Quando vamos amadurecendo, deixando o estado emocional infantil, marcado por dores passadas, entendemos que a vida é feita de situações duras, tristes, e também situações alegres e prazerosas. A dureza não é contra nós. A suavidade não é a favor de nós. É tudo vida.

O grande salto quântico de consciência surge quando deixamos de viver acreditando que nós somos produto das experiências que vivemos, e percebemos que somos aquele que pode observar as experiências, sejam elas boas ou más. As experiências passam, o observador permanece. As experiências mudam, o observador é estável. Perceba isso na prática. Agora. Comece a observar as experiências, sem se apegar nem ao bom, nem ao ruim. Você perceberá na prática isso que estou descrevendo. Você não é o produto da experiência. Você é aquele que observa a experiência. Isso é extremamente libertador. Porque você estará ancorado numa parte que é estável, permanente, plácida… e isso proporciona um lugar de descanso infinito… mesmo que as experiências continuem a mexer com a superfície. Que importa a superfície conturbada, se na profundidade você está em paz?

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