Não controlamos nossos filhos
Por Alex Possato

Não controlamos nossos filhos

Queremos preparar os filhos para a vida. E fazemos o melhor que conseguimos, de acordo com nossas possibilidades financeiras, emocionais e culturais. Isso se dá até a adolescência, quando então, naturalmente, os filhos começam a questionar os valores aprendidos e a buscar o próprio jeito de ser. E aí começam os problemas. Naturalmente, projetamos neles aquilo que não realizamos muito bem em nossa própria vida. Queremos evitar que eles sofram aquilo que sofremos, e assim, não soltamos o controle. Mal percebemos que eles não são “nós”. E que as dificuldades que tivemos nos tornaram pessoas mais hábeis. Portanto, os perrengues que eles irão enfrentar são parte do aprendizado deles.
O olhar sistêmico considera que todos temos as habilidades necessárias para seguir pela vida, a não ser que nossos filhos sejam incapacitados por questões psicológicas graves ou doenças. Mesmo assim, esta é a parte que cabe a eles, e a nós também. Pois observar filhos não evoluírem, despertará a sensação de que fizemos algo errado.
Eu estava saindo hoje do meu prédio, e o zelador disse: “filhos é como loteria. A gente educa, mas nunca sabe o que será da vida deles.” Na simplicidade, falou uma grande verdade. Não temos o poder de definir o destino – nem o nosso, nem o de ninguém. Lidar com esta impotência diante do Mistério maior que é a vida, é o grande aprendizado que nós, como pais, somos desafiados a assimilar. Aprender a digerir nossas culpas e permitir que os filhos sigam, da forma deles, apoiando quando nos sentimos capazes para isso, e nos afastando logo em seguida, poderá despertar as habilidades necessárias para eles “se virarem”. Isso não é garantia de felicidade e realização. Essa é uma busca pessoal, que cada um precisa realizar por si só. E quanto menos quisermos interferir, é provável que a força se manifeste neles. Mesmo que eles achem que não estão sendo bem amparados. Se entrarmos nesse jogo, só prolongaremos mais ainda a dependência e o sofrimento: deles, e o nosso. Alguém precisa se afastar.

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