O amor divino do homem pela mulher
Por Alex Possato

O amor divino do homem pela mulher

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Vivi minha vida toda tentando provar para você que eu era adequado. Honesto. Fiel. Que você deveria olhar para mim de jeito diferente. Elogiar minhas conquistas. Validar minhas tentativas. Consolar nas minhas derrotas. Queria provar o meu amor por você, e também receber o seu amor exclusivo. Só meu. Todo meu. Para mais ninguém.

E como você não se mostrava totalmente disponível, eu ficava de bico. Batia o pé. Pulava o muro. Saia e não voltava. Ou voltava bêbado. Dizendo que a amava. Ou que a odiava. Tanto faz. Eu queria mesmo era chamar a sua atenção. E depois me arrependia. E você me obrigava a fazer coisas, do seu jeito, como vingança. E tudo bem, eu engolia sua mágoa. Fazia tudo o que você mandava. Fingia ser um menino obediente. Seu marido obediente. Mas só de raiva, não dava o que você tanto queria: o meu olhar pleno. Amoroso. Vigoroso.

Não. Eu estou mentindo. Não podia dar o meu olhar amoroso a você. Uma criança birrenta não consegue amar com consciência. Ama como qualquer criança ama. Ama se receber atenção em troca. Ama se for feita a sua vontade, assim na terra como no céu. Ama se o outro estiver 24 horas ao lado. Ama se não for repreendida, censurada, podada. Ama se não ver você brincando com o outro, no jardim, na varanda, na cama.

Preciso ser sincero: cansei-me desta birra. Cansei-me de buscar o seu amor, como se busca desesperadamente uma maçã do amor no parque de diversões. Maçã que, ao despencar no chão, enche de pó, e é abandonada por outra.

Preciso ser adulto. Pois eu sou um adulto. Meus fios de cabelo branco estão aí para provar. E um adulto ama como um adulto.  Percebe suas dores, e entende que estas dores são suas. São suas mágoas não curadas, devido à não aprovação do pai, ao abandono da mãe, à invalidação dos irmãos, à competição da infância, aos medos não curados, às neuras aprendidas sobre relação, fidelidade, responsabilidade, respeito, casamento…

Um adulto ama como adulto. E jamais exige que o outro esteja 100% disponível a ele. Afinal, temos tanta coisa a fazer! E também, este amor maduro não exige nada do outro. Não exige que o outro seja diferente. Que o outro satisfaça seus caprichos. Mas quando isso ocorre, ele sorri de orelha a orelha. Agradece do fundo do coração, a presença da amada, a dedicação da amada, a companhia da amada. Para depois soltá-la. Sem medo de perde-la, porque amor não é posse… é fluxo. Um adulto fala o que sente. E se ferido, fala de suas feridas. Jamais responsabilizando o outro, mas somente para que o outro compreenda que existe um ser humano do lado de cá. E também ouve sua querida. Sem tentar se intrometer nos assuntos que não são seus. Somente ouve. E por mais difícil que seja, deixa que ela cuide de seus problemas. Porque um adulto sabe cuidar dos próprios problemas. Porém, sem dúvida, ao primeiro grito de “socorro!” da donzela, o heroico cavaleiro parte correndo em sua defesa. Porque a criança nunca morreu. A criança sempre sonha em carregar a donzela em seus braços, e ser por ela olhada com aqueles olhos repletos de entrega e paixão. E aí, a infantil imagem se desfaz, como nuvens no céu. Porque iremos para a cama. E lá, nos transformaremos em um só. Nem adulto, nem criança. Deuses, que através do relacionamento, encontram a verdadeira sacralidade da união entre duas pessoas maduras, que se entregam totalmente, uma à outra: a comunhão com o divino Amor.

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