Observo o reativo e o reprimido…
Um caminho para permitir-se viver na sabedoria sistêmica é tentar despersonalizar as situações. Em geral, culpamos esse ou aquele por determinada situação. Meu filho não está feliz porque EU não eduquei direito. Aquele projeto falhou porque ELE não se empenhou adequadamente. ALGUÉM tinha que salvar aquelas pessoas. ELES não sabem administrar o país. A relação acabou porque NÓS falhamos.
Esqueça este condicionamento de colocar culpados e protagonistas em tudo, por um instante. As coisas mais importantes que ocorrem em nossa vida não são dominadas pela nossa vontade. Algo Maior coordena tudo. Nascemos por um milagre da vida, que foi proporcionado pela presença do nosso pai e da nossa mãe. Mas a vida, em si, não dependeu deles. Morremos porque era o momento de morrer. Trabalhamos diligentemente em algumas tarefas que, infelizmente, naufragam. Em outras situações, somos contemplados pela sorte de abraçar um caminho que floresce.
Evite até a tentativa de colocar os créditos ou débitos na conta dos antepassados e do sistema familiar. Mesmo que realmente haja padrões sistêmicos se repetindo na nossa vida, ainda assim, existe Algo Maior coordenando a atuação destes padrões. Que afetam uns, e outros não. E estes outros, são afetados por diferentes padrões, que também não nos afetam. A vida é um grande mistério, incompreensível, grandioso, sábio. Diante dela, da Vida, nos quedamos boquiabertos. Espantados e maravilhados. Bem pequenos e quase insignificantes. E por mais contraditório que possa parecer, exatamente por se colocar nesta posição humilde, nos sentimos totalmente conectados. Conduzidos. Protegidos. Abençoados. Fazemos então nossas pequenas coisas neste planeta, como se relacionar, trabalhar, cuidar do patrimônio, se divertir, chorar… tudo de forma muito natural. Leve. Fluída. A Vida nos conduz, e por isso, quase não temos medo. Quase sem medo, não precisamos lutar contra nada. Andamos a favor. A favor da Vida. Até que um dia, ela se finda. E tudo bem. Descansaremos em paz.