Olhe para seus pais com gratidão!
É bem comum dependermos da ajuda financeira da nossa família, quando casamos. É até um fato cultural. Construímos, muitas vezes, no terreno dos pais. Trabalhamos todos juntos. Aqueles que têm menos aproveitam dos recursos daqueles que têm mais. O ritmo da sobrevivência, ditado por um país de desigualdades sociais profundas, fica impregnado no DNA do sistema familiar, e muitas vezes temos dificuldade de sair disso.
O casal novo preso a memórias de carência financeira do passado, acredita que não conseguirá construir sua estabilidade sozinho, e por isso se apoia na família de origem.
Percebo que, nestes casos, existe uma certa imaturidade no casal. Terapeuticamente, estão presos a cobranças em relação aos seus pais, e por isso, não conseguem se libertar, nem bancar uma vida independente. Existe carência e jogos de manipulação. Às vezes, pacto de vingança: o adulto, preso na dor da criança, diz – você vai me dar agora o que não deu no passado. E os pais dizem: eu dou e mostro como vocês são dependentes e não conseguem se virar sozinhos.
Este jogo começa a se encerrar quando os filhos conseguem olhar para os seus próprios pais com gratidão. E isso exige um trabalho interno muito profundo, porque significa aceitar também as dores, manipulações, eventuais jogos de poder entre pai e mãe, chantagens e todos os tipos de perturbação que possa ter ocorrido. Cada membro do casal olha para seus próprios pais. E escolhe ficar em paz com ambos. Desta forma, o que vier de ajuda, será honrado, e dará frutos. E se não vier mais nada, o casal terá forças para construir sozinhos a própria vida.
Alex Possato