Os outros são espelho
Coroninha, coroninha… Deus escreve certo, não é? Linhas tortas… sei lá! Certa vez, um amigo espírita disse que “família é um lugar onde Deus resolveu colocar os inimigos de outras vidas para reencarnarem juntos”… Ele dizia isso, e ria, ria muito! Talvez estivesse rindo da própria história. Eu, como constelador, não posso ficar rindo quando alguém me procura achando que a terapia irá “consertar” a própria família. Mas que dá vontade, isso dá… Afinal, na vida madura a questão não é mudar o mundo e as pessoas para que ele seja do jeito que queremos. E parece que a sabedoria suprema resolveu dar uma forcinha neste aprendizado. O homem lá de cima devia estar muito preocupado com a falta de harmonia entre as pessoas, o desrespeito e ofensas que estavam surgindo em todas as partes do mundo, e bolou um jeito das pessoas poderem olhar, umas para as outras.
Olhar, no sentido terapêutico, é perceber dentro de si o que o outro provoca. Entendendo que o outro não é culpado de nada, afinal, o sentimento está dentro de si. Quando dizemos “eu não suporto o vício do fulano!”, na verdade, estamos dizendo: “eu não suporto o meu vício!” Procure, e acharás! Se falamos: “ela é muito chata, insuportável!”, equivale a dizer: “existe uma parte dentro de mim que não aguento mais!” E assim por diante. Se não existissem as provocações, jamais perceberíamos aquilo que existe, dentro de nós, que está pedindo para ser visto. A jornada da vida é uma jornada de resgate do Amor. O grande Amor, que se mostra, muitas vezes, como uma energia violenta e transformadora. Estamos tendo a grande possibilidade de deixarmos a busca do pequeno amor, que necessita de “colinho e cuidados” para despertarmos para a real força do Amor, que desperta e move montanhas!
Alex Possato