Recebo meus presentes …
Quando recebo algo, muitas vezes sou tentado a devolver em igual valor. Ou a prestar algum favor à pessoa. Fui educado com esta frase: não devo nada a ninguém. Logo, tudo aquilo que vem, tem que ser pago. Porém, tenho percebido que, em algumas situações, é importante sentir-se devedor. Somente assim, posso receber um presente, um favor, um agrado, uma homenagem. Nossa, como é difícil! Fico encabulado, envergonhado, com comichão no traseiro. Tudo isso, talvez encobrindo o orgulho enorme, que me faz “não querer dever nada a ninguém”. Aprendi assim, e desta forma, me isolo. Torno-me ingrato. Que tolo!
Eu sou um devedor! E sempre serei! Nada seria sem ter recebido tanto dos meus pais, da minha família, dos meus professores, das igrejas que frequentei, dos amigos que me apoiaram, das companheiras que passaram pela minha vida, das pessoas que vieram, passaram e nunca mais vi. Recebi, e muitas vezes, este “receber” veio também com dores. Porque alguns presentes não têm nenhum valor financeiro, mas têm o poder de mudar o rumo da jornada. Hoje, tenho certeza: os maiores presentes são aqueles que me transformaram. A mudança nem sempre foi confortável, mas não trocaria quem eu sou por aquele que fui um dia…
Diante desta transformação, estarei sempre em débito. Recebo, e não posso pagar…
Alex Possato