O homem em confronto com o pai perde a força de homem
Pouco tempo tenho de participação nos encontros de homens, o Diamante Bruto. Mas uma coisa já deu pra notar: o homem que está, de alguma forma, confrontando o pai, perde a sua força de homem. Seja porque tem dó de um pai fraco, ou raiva de um pai agressivo. Ou um sentimento indefinidamente broxante por um pai ausente. Quem sabe, uma tristeza mórbida por um pai que morreu.
No trabalho de constelação familiar que meu amigo Fernando Tassinari conduziu, entrei em contato com um pai meio louco. Instável. Que dizia sempre: eu não confio. Eu não confio. Eu não confio. Não confiava nem em mim, nem no meu avô, o pai dele. Subitamente, vi: este é o meu pai! Sim, o pai ausente, o pai alcoólatra, o pai desregrado. E meu avô: bonzinho, mas omisso. Submisso à minha avó…
Mas, pera lá… constelação mostra sempre a própria pessoa. A imagem que eu tenho do meu pai, e não exatamente meu pai. A imagem que eu tenho do meu avô. E não exatamente o meu avô.
Quem é que não confia? Quem é omisso? Ausente? Desregrado? Submisso?
Bem… Pois é. Eu me enquadro em todos estes adjetivos. E só eu olhar direito, e acho as situações que tanto recrimino neles. Em todas as críticas que tenho em relação ao papai. E ao vovô. Sem saber, cada palavra de condenação a eles, é um verdadeiro “chute no saco”. No meu próprio. Quanto mais distorções tenho em relação às minhas referências masculinas – papai e vovô, mais problema terei de ser homem no meu mundo. Isso quer dizer: ganhar minha grana. Ter uma relação afetiva equilibrada. Saber colocar limites. Ter força e impetuosidade para conquistar meus objetivos. Ter estratégia, planejamento, foco. Saber ser líder. Destacar-me no que realizo.
Pois é… todo o trabalho realizado na vivência está bem fresco em minha memória. E serve para eu refletir. Até quando irei deixar que estas imagens fantasiosas que criei na minha infância dominem a minha masculinidade? Deixando-me um eterno menino, incapaz de usar em totalidade todo o poder, conhecimento, sabedoria e experiência que adquiri em quase cinquenta anos de idade?
O ego humano é um eterno semeador de dor e sofrimento. Olha o ruim nos outros, na vida humana e na própria pessoa, para ter o direito a existir. Existir separado dos outros. Pois assim foi ensinado. Eu aqui, o mundo lá fora. Incapaz de ver que somos todos um, verdadeiramente, julgamos e condenamos.
Meu pai, meu avô e eu somos uma coisa só. O louco, omisso, alcoólatra, irresponsável, sou eu. O inteligente, criativo, idealista, cuidador, também sou eu. O homem fraco sou eu. E o homem forte sou eu também. Sem razões para guerrear contra meu pai e a linhagem masculina da minha família, posso deixar as armas caírem ao chão. E usar a minha força do meu jeito. Para minha vida.